Neste artigo especial, Ana, fundadora da Marketing Lab, é entrevistada pela estagiária. Uma conversa sincera, onde aborda questões relacionadas com o passado e o presente, rotina, vida profissional vs pessoal, coragem e determinação.

1. Quantas noites perdeste até decidires abandonar o teu trabalho fixo para te dedicares à tua própria marca?

O processo ainda foi longo e não foi de um dia para o outro. Na realidade, a Marketing Lab esteve no papel durante 6 meses. Durante esse tempo, tentei planear e delinear estratégias da melhor e mais completa forma possível, como todos queremos no início de um projeto ou negócio, para começar com o pé direito. Hoje não o recomendo a ninguém. Afinal, o mundo do planeamento é muito diferente do mundo da execução e, só com a “mão na massa” conseguimos perceber o que realmente precisamos de fazer e ajustar.

Quando lancei a Marketing Lab, em março de 2021, estava no meu emprego a tempo inteiro. Era gestora de cliente de uma marca de joias e alianças de casamento. Acabei por conciliar o meu emprego a tempo inteiro com o meu projeto pessoal durante mais 6 meses e não foi fácil. O meu trabalho ocupava cerca de 11h do meu dia e acabava por ter de me levantar bem mais cedo e deitar tarde para conseguir dar conta de tudo por aqui. Mas sabia que era um esforço temporário!

As coisas na Marketing Lab começaram a fluir aos pouquinhos, enquanto começava a sentir-me cada vez menos bem no meu emprego. A partir do momento em que senti que já tinha alguma segurança com a Marketing Lab e que pudesse substituir o rendimento que tinha com o meu emprego, decidi arriscar. Fiz tudo aos poucos, ao meu ritmo e no tempo que considerava certo para mim, então acabou por ser bem natural.

2. Como lidas com a responsabilidade de te representares a ti própria?

Adoro! Houve mesmo uma altura em que estava cansada de trabalhar para os sonhos de outras pessoas e para as representar a elas, porque sentia que o meu esforço não era de todo valorizado.

Não há ninguém melhor do que eu para me representar a mim própria, com certeza! Fico muito feliz e orgulhosa por poder trabalhar a minha marca pessoal, por me valorizar cada vez mais enquanto profissional e por poder mostrar isso ao mundo.

3. Tens medo do sucesso/da exposição e do que lhe está intrinsecamente associado, nomeadamente as coisas menos boas?

Curiosamente, não tenho medo. Mas também não é que pense muito nisso. Acho que as coisas vão acontecendo naturalmente e também nos vamos habituando a esse caminho.

Da minha vida pessoal, escolho estrategicamente aquilo que faz sentido mostrar para mim e para a minha marca. Apesar de no digital ficarmos com a sensação de que conhecemos a vida das outras pessoas, quando as acompanhamos fielmente, a verdade é que não é bem assim.

Quando encontro seguidoras na rua, adoro! Não sei quando será daqui a alguns meses ou anos, mas não é algo que me preocupa. Vamos caminhando um passo de cada vez.

4. Quais são os teus objetivos/ metas a curto prazo?

Todos os anos defino concretamente metas e objetivos a alcançar. Ajuda-me a manter mais focada e a lutar por aquilo que é fundamental para mim.

Para este ano de 2022, defini que queria atingir a meta das 200 alunas (já vou nas 150, por isso é promissor!), duplicar a faturação da Marketing Lab face a 2021 e investir mais no meu conhecimento: tirar mais alguns cursos e especializações.

O meu grande objetivo é realmente sentir-me 100% realizada com a minha vida profissional e sentir-me valorizada por isso.

5. Sentes que a tua perspetiva sobre a relação entre trabalho e qualidade de vida mudou ao longo do tempo?

Sim, completamente!

Quando estava no emprego anterior, trabalhava muito e não me sentia valorizada. Isso influencia diretamente a forma como nos sentimos. Andava a correr de um lado para o outro, stressada com o trânsito, com as horas extra, com a pressão e com o pouco descanso.

Parecendo que não, até porque a responsabilidade aumenta muito, trabalhar por conta própria e a partir de casa (ou de qualquer outro lugar) faz-nos sentir muito mais leves. Evitar o stress do trânsito, poder fazer pausas quando não estamos bem e gerir os nossos próprios horários, influencia diretamente a qualidade de vida. Sentimos que temos outro controlo sobre nós e sobre o nosso bem-estar. Nem tudo é um mar de rosas, mas não o trocava por nada.

6. Quais as principais mudanças que identificas entre a Ana adolescente e a Ana jovem adulta?

Curiosamente existem muitos pontos que ainda considero comuns. A realidade é que sempre fui uma rapariga dedicada, responsável e trabalhadora. Sempre quis lutar pela minha independência e isso mantém-se com certeza até hoje.

Diria que hoje começo a valorizar mais o meu trabalho e a minha dedicação. Sempre tive o receio de não ser boa o suficiente, de as coisas não estarem boas o suficiente, de achar que as minhas conquistas não eram nada de especial. Sempre tive dificuldade em valorizar-me nesse sentido. Ainda tenho um longo caminho a percorrer e muito que trabalhar neste aspeto, mas começo a consegui-lo aos poucos. E a sentir-me bem melhor.

7. Estás orgulhosa do que construíste?

Muito! Nunca pensei lançar um negócio próprio (nunca esteve nos meus planos) e que o lançasse aos 21 anos. E muito menos pensei que aos 22 teria deixado o meu emprego e estaria 100% dedicada e a trabalhar com aquilo que mais gosto.

Sei que estou só a começar e ainda há um longo caminho pela frente. Muita coisa para desenvolver e conquistar. Mas estou muito grata por tudo o que alcancei até agora.

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